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Momento de descontração e... de frustração!

19.09.11, Abigai

 

O G. de cada vez mais se parece com uma criança de 10 anos...

Fico com um sorriso nos lábios, parada, a olhar para ele, a observá-lo brincar.

Brincar! Há bem pouco tempo atrás, o G. não brincava, não sabia brincar. Sabia andar atrás de mim, sempre a falar, a gritar, sabia jogar PlayStation, sabia fazer as mais disparatadas asneiras, sabia queixar-se, sabia exigir companhia, mas não sabia brincar.

Hoje, vejo-o no quarto, a atacar castelos com os seus cavaleiros, a combater os "maus", orgulhoso e a chamar-me para ver como sabe fazer... "vês mamã a minha brincadeira"!

Sábado, quando cheguei a casa após o trabalho, estava na sala, a criar vulcões, castelos, ruas e montanhas com plasticina.

Usou uma plasticina comprada há uns 3 anos a pedido da professora, mas que nunca tinha sido usada, e que, apesar de ainda lacrada, já estava um pouco seca.

E então lembrei-me que tinha ainda umas embalagens de barro muito bem guardadas.

Há uns anos atrás fazia esculturas com barro mas a vida vai passando, o tempo vai escasseando e deixamos de lado aqueles passatempos que tanto gostamos...

Assim, no domingo, preparei a mesa com barro, água, alguns panos velhos e, armados de aventais e muita paciências, eu e o G. lançamos mãos à obra na criação de "obras de arte".

Foi divertido e uma novidade para o G. Simplesmente adorou. Diferente da plasticina, deu asas à imaginação, adorou poder sujar-se à vontade, besuntando as mãos até fartar, sem ter a mãe à perna a ralhar! O sonho de qualquer crianças, ainda mais se for hiperactiva!

Fez umas lindas peças um tanto ao quanto estranhas. Na verdade, confesso ter ficado sem perceber muito bem o que representavam, mas o essencial estava lá e atingimos de facto o objectivo principal: o G. estava radiante, feliz e muito divertido. Foi um momento de qualidade passado a dois.

Infelizmente foi também um momento de grande frustração para mim e mais um em que tive que encarar a dura realidade.

Além de já não ter "mão" para a escultura devido aos anos passado sem praticar, percebi da pior maneira que as minhas mãos já não servem de instrumento! As dores ao tentar moldar o barro eram execráveis e hoje, para escrever tenho que fazer um esforço enorme.

Está visto que melhoras não haverá e que vou ter mesmo que me convencer que já não posso continuar a fazer as mesmas coisas como se nada tivesse.

 

Imagem da internet

Já era de prever....

16.09.11, Abigai

 

 

Pois é....

Já era de prever mas não pensei que fosse já no primeiro dia de aulas!

 

Ontem, quando olhei para o horário fiquei apavorada.

Nos cinco dias de aulas, três têm apenas um intervalo de uma hora para o almoço.

Conclusão: o G. tem que ficar a almoçar na escola pois não dá tempo para o ATL ir buscá-lo, almoçar, e levá-lo de volta para as aulas da tarde.

 

E hoje, foi um desses dias.

Por volta das 13h00 recebo uma chamada da mãe do R., amigo do G. O R. ligou à mãe, preocupado, porque o G. ia ficar sem almoçar por não ter adquirido a senha de almoço atempadamente.

O G., apesar de hiperactivo, é muito tímido, tem muitos medos, receios e acanha-se na hora de pedir ajuda ou ter que falar com alguém que não seja mãe, pai ou amigos.

Não foi capaz de ir à secretaria pedir ajuda, nem a nenhum auxiliar, nem tão pouco a nenhum colega. O buffet ainda estava fechado, as máquinas alimentares da escola ainda não tinham sido carregadas.

Valeu-lhe o R. que lhe deu uma maçã e se preocupou ligando à mãe a contar o sucedido.

Ainda deu tempo ao pai de chegar à escola antes do primeiro tempo da tarde e levar-lhe um lanche.

 

Um lanche não é uma refeição! Deu para remediar, mas a continuar assim, voltamos à perda da peso como aconteceu o ano passado, às reacções agressivas, à queda da auto-estima, etc.

No ATL tem sempre supervisão e não o deixam ficar sem almoço, sabem que é medicado e que o apetite é pouco e por isso são também mais vigilantes. Na escola ninguém se preocupa... Se não tiver apetite, não come e ponto final, quem vai reparar?

Só tenho que agradecer ao R. e esperar que continue amigo do G., atento e preocupado.

Preocupações acrescidas...

14.09.11, Abigai

 

Amanhã é dia de apresentação a este novo ano lectivo.

Amanhã!

Mas hoje, ainda não eram 9h da manhã recebi um telefonema da directora de turma do G., a mesma do ano anterior. Uma chamada de preocupação - o que à partida agradou-me, pelo menos mostrou muito interesse na evolução do G., porque acabava de ser informada que este ano, a escola ainda não tinha autorização nem verbas, para a contratação da psicóloga educacional.

A professora queria saber se o G. tinha algum acompanhamento fora da escola ou, caso não tivesse, se podia tratar de encaminhá-lo para algum psicólogo uma vez que ele tanto precisa e a escola não o irá providenciar, pelo menos no primeiro período.

Ainda não há certezas quanto ao segundo periodo, poderá eventualmente haver contratações em Janeiro, mas por agora, confirma-se que a Dra. M. não estará presente para prestar apoio ao G. ou a qualquer outra criança.

Compreendo a preocupação da professora. O alerta dela foi bem intencionado e mostrou sem dúvida que está atenta e o interesse que tem pelos seus alunos. O G. não é o único menino da turma a beneficiar deste acompanhamento e não será o único prejudicado, o que irá também complicar a tarefa dos demais professores.

Como cheguei a referir aqui já tencionava proporcionar uma terapia mais adaptada às necessidades do G., em complemento ao acompanhamento da psicóloga da escola direccionado para a vertente educacional e de dificuldades de aprendizagem e compreensão.

 

Assim, já estava preparada para assumir um custo adicional, fora da escola.

E o que não fazemos pelos nossos filhos, não é?

Penso conseguir proporcionar ao G. este acompanhamento e se, por ventura, acontecer algum imprevisto financeiro, sei também que terei sempre alguém por perto para ajudar no que for necessário.

Felizmente tenho esta sorte. E os outros meninos cujas famílias não podem suportar estes encargos? O que vai ser deles?

Tenho agora preocupações acrescidas. Além de tentar ultrapassar as dificuldades emocionais do G., a psicóloga que irei contratar terá também que ajudar na parte educacional de desenvolvimento cognitivo.

Por outro lado, avizinham-se tempos iniciais difíceis porque, sempre que o G. se sentia diminuído, frágil ou simplesmente como peixe fora do aquário, recorria à Dra. M., que com muito carinho, compreensão e dedicação, conseguia ajudá-lo a reencontrar o caminho. Além disso, quando o G. não estava bem e não se abria connosco, a Dra. M. conseguia alcançá-lo.

Agora, sem ela por perto, vamos ver como irá correr!

Regresso à normalidade...???

08.09.11, Abigai

 

Estamos finalmente a chegar ao final deste longo período de férias escolares....

Triste é dizer finalmente!

Pois é... contrariamente ao que dizia aqui, resolvi interromper a medicação do G. no período de férias.

Para ele, passaram num ápice, para mim foram intermináveis!

Na passada segunda-feira retomou a rotina diária de toma da medicação e ida para o ATL, afim de preparar-se para o ano lectivo que aí vem.

A recusa foi imediata e previsível mas até nem correu muito mal!

Nesse mesmo dia fomos à consulta de desenvolvimento no Hospital S. João. Ninguém diria que o G. estava medicado, se não o tivesse visto tomar o comprimido teria jurado que me tinha enganado fingindo tomá-lo, mas não... eu vi mesmo!

A energia estava em alta, o apetite também... às 11h00 da manhã dizia-se esfomeado e comeu um menu completo do McDonald's, coisa que até há bem pouco tempo não queria pois não considerava isso “comida”! Confesso que fiquei espantada a olhar para ele e a perguntar-me se tinha falhado algum episódio....

Pois bem, segundo a médica o G. precisa de apoio psicológico com maior frequência, de preferência semanalmente. A cada dia que passa está mais inseguro, com mais medos e ansiedade.

No primeiro dia de ATL estava com medo de entrar... “e se não estiverem agora na sala do costume?”, “e se eu não os encontrar?”, e se se se.... dizia ele. Anda naquele ATL há 5 anos, conhece toda a gente, tem lá imensos amigos e mesmo assim, como já não ia lá há 1 mês estava com medo e envergonhado. Não é lá muito normal pois não?

Já não é capaz de sair da nossa beira sozinho, nem sequer para ir para o próprio quarto, tem medo até de se deslocar em casa, temos que o acompanhar constantemente e sinceramente está a tornar-se totalmente insustentável.

O início do ano lectivo está a aproximar-se a passos grandes e a ansiedade vai aumentando, tem medo de já não saber onde estão as salas de aulas, dos amigos já não se interessarem por ele, etc...

Fica angustiado por anticipação, o que não ajuda.

Agora deixou-me a mim angustiada à espera do horário para tentar marcar consultas sem interferir nas aulas... mas ainda vou ter que aguardar pelos horários das aulas de apoio!

E ainda nem começou....

 

Auto-estima, confiança, motivação e sucesso.

02.09.11, Abigai

 

 

A maior descoberta da minha geração é que qualquer ser humano pode mudar de vida, mudando de atitude”

William James (1842-1910)

 

Sou de natureza muito optimista. Tento sempre ver o lado bom de cada coisa ou situação.

Existe sempre um lado positivo. O negativismo irrita-me e acredito que se procurarmos ter confiança em nós e nas nossas capacidade, conseguimos mais cedo ou mais tarde alcançar e atingir os nossos objectivos.

 

Auto-estima*

s.f.

Apreço ou valorização que uma pessoa confere a si própria, permitindo-lhe confiança nos próprios actos e pensamentos.

 

Confiança*

s.f.

1. Confiança proveniente da convicção no próprio valor.

2. Fé que se deposita em alguém

3. Esperança firme.

.

 

Ter boa auto-estima é importante mas não será suficiente, precisamos também de motivação.

Sem motivação é difícil obter bons resultados, seja em que actividade for.

Por outro lado, sem auto-estima e sem auto-confiança, sentimo-nos constantemente perseguidos pela dúvida, pela insegurança e pela incerteza.

Há uns bons anos atrás, apesar de saber-me competente profissionalmente, não tinha essa segurança que hoje tenho. Estava na mesma empresa há 10 anos e, embora apresentasse bons resultados, raramente sentia-me recompensada ou reconhecida por isso, até que um dia, no meio de um grande reboliço e mudanças no seio da empresa, um novo colega fez-me ver que tinha capacidades para ir muito mais além. O reconhecimento dele fez subir a minha auto-estima e a confiança que deposito hoje em mim e nas minhas competência.

Nessa mesma altura, assisti a uma formação sobre motivação e houve algo no discurso do formador que ficou bem gravado na minha memória e que, confesso, pratico diariamente.

Dizia ele que a receita para o sucesso se resumia a, de manhã ao levantar, olharmos para o espelho e dizer para nós próprios “sou bom, sou mesmo muito bom e hoje vou ter um dia fantástico”.

Se não gostarmos de nós próprios, quem gostará? Que imagem iremos projectar no ambiente em que nos inserimos? Auto-estima não é apenas a avaliação subjectiva que fazemos de nós próprios, positiva ou negativa, mas também a imagem pessoal e irá sem dúvida reflectir-se na forma como a “vendemos”.

Cabe a cada um de nós encontrar os mecanismos necessários para ultrapassar os sentimentos negativos que temos em relação a nós próprios de forma a alcançar a segurança necessária para atingir os nossos objectivos, ser positivos e projectar o nosso optimismo.

 

Segurança*

s.f.

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6. Sentimento de força interior ou de crença em si-mesmo. = Certeza, confiança, firmeza.

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O segredo do sucesso está na nossa capacidade de enfrentar os obstáculos, com firmeza, confiança, dedicação e motivação, na nossa auto-estima e na certeza que podemos ir sempre mais além, sem medos. Não podemos concluir ser incapaz sem tentar, devemos colocar os nossos receios de lado e trabalhar no sentido de alcançar os nossos objectivos, sejam eles quais forem, e não falo em ser melhor ou superior aos outros, porque obviamente não seremos todos génios e haverá sempre alguém com mais capacidades intelectuais.

Auto-estima, motivação e sucesso não tem a ver com inteligência mas com sentirmo-nos bem connosco, não termos medo de arriscar e sermos felizes.

 

* dicionário Priberam da Língua Portuguesa

Imagem tirada da Internet