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Um simples "au revoir"...

15.03.12, Abigai

Iniciei este blog em Outubro de 2009, um pouco sem rumo, sem saber muito bem para quê nem porquê...
A verdade é que acabou por se tornar um refúgio, uma forma de deitar cá para fora os meus tormentos, as minha dúvida...
Ajudou-me em muitas ocasiões. Falei das dificuldades do G., das minhas mágoas e dificuldades com esta doença que instalou-se para ficar e teima em atormentar-me, e até escrevi sobre coisas perfeitamente banais e talvez sem qualquer interesse.
Escrevi, vivi e deixei a pena deslizar suavemente pelo papel virtual.
Não fui sempre assídua, mas sempre recorri aqui a este cantinho. Escrever o que me ia na alma, ler os comentários que sempre foram de um grande reconforto.
Agora estou perdida, não consigo escrever, apenas lamentar-me.
Não é este o rumo que pretendo para o blog, nem para quem aqui me lê, me apoia e ajuda.
Estou numa fase da minha vida em que, além do trabalho, não encontro ânimo, vontade de continuar, nem objectivos.
Sinto-me perdida, abandonada, desleixada.
Não consigo escrever nada além de lamentar-me e isto não me agrada de forma alguma.
Não quero ser aborrecida para ninguém e sinto que chegou a altura de parar, de primeiro sarar, encontrar o meu lugar, reencontrar-me.
Achava-me mais forte, mais capaz. Nunca pensei que fosse tão difícil...
Sinto-me assoberbada, completamente abandonada, por tudo, por todos. Acredito que não seja assim, mas a razão nem sempre tem mais força e neste momento, a auto comisseração ganhou terreno e sinto-me incapaz de reagir.
Preciso de mais tempo, de assentar.
Ainda não sei como ganhar esta batalha mas prometo empenhar-me para vencer esta luta.
A única certeza que tenho é que não quero, não posso continuar assim, lamentar-me constantemente, expor este pensamentos depressivos, aborrecidos...
Por isso, esta não é uma despedida definitiva, é apenas um interregno, um au revoir por tempo indeterminado...
Voltarei.
Encontrarei um rumo.
Encontrarei o meu lugar.
E voltarei.
Está prometido!
Até breve...


 

À procura...

05.03.12, Abigai

Sentada, mergulho nos meus pensamentos, por vezes obscuros, por vezes pacíficos, calmos, outras vezes de dúvida e solidão.

Sentada no escuro, sinto uma presença que acarinha, acalenta este desassossego constante, perturbante.

Esta sensação de abandono, de acusação, de culpa.

É então que me levanto. Ergo-me para melhor ver e sentir, para enxergar a realidade e finalmente perceber que nada mais será igual, que não haverá mais conselhos, mais apoio, que terei que viver por mim, decidir por mim e aprender a lidar com o julgamento alheio.

Percebo por fim que o caminho seguro não é mais aquele que conhecia e seguia, que terei que desvendar novos roteiros para chegar ao destino, que o destino é incerto, acidentado e sinuoso.

Mas é nessa direcção que tenho que seguir.

Apenas falta perceber como.

 

Hoje...

03.03.12, Abigai

Há um mês, neste dia, o meu mundo desabou...

Há um mês, neste dia, o inevitável deixou um fosso implacável...

Há um mês, neste dia, tudo mudou...

 

Hoje, estilhaçada pela dor, tento juntar os cacos.

O caminho é longo e sinuoso,

A caminhada parece não ter fim.

 

A cada instante, a cada canto, a cada olhar, surge mais uma lembrança.

Lembrança.

O que haverá de melhor, senão a lembrança?

Recordar os bons momentos, os maus também...

Recordar para não esquecer...

Recordar para manter a chama viva,

Manter a vida.

Recordar.

 

Por vezes um poço de mistério,

Por vezes sem paciência,

Por vezes, um silêncio impenetrável...

Mas sempre amiga, sincera, generosa e sensível.

 

Emanava de ti uma esperança avassaladora

Que me deixava completamente prostrada...

Sofredora, calavas o que te ia na alma,

E eu, embrenhada nos meus problemas mesquinhos,

Nos meus dilemas egoístas,

Jamais imaginava ou lembrava a tua dor.

Foste uma lutadora, uma grande mulher.

 

És uma grande mulher.

És.

Porque continuas aqui, bem perto...