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Os dias vão passando...

06.02.11, Abigai

.... e o tempo é escasso.

Tenho descorado muito este espaço, e confesso que sinto falta!

 

 

Teria tanto para dizer que nem sei por onde começar.

O G. saiu-se bem na avaliação global do primeiro período, não teve negativas, embora a maioria das positivas fossem baixas.

De uma forma geral fiquei muito satisfeita, os esforços do G. foram recompensados e ele mostrou-se muito animado.

 

Mas como nem tudo pode correr bem, ultimamente têm estado "diferente". Sinto que alguma coisa o preocupa, provavelmente na escola, mas não consigo tirar nada dele. Tem perdido peso e a médica já ameaçou retirar-lhe a medicação, por suspeitar ser a causa da perda de peso.

Estou convicta de que não é devido à medicação mas sim a algo que o perturba.

A psicóloga da escola tem estado com ele duas vezes por semana, e também acha o mesmo.

Quando lhe foi dizer que iria atendê-lo duas vezes por semana, o G. ficou radiante, o que também vem reforçar o facto de estar a precisar de falar, até porque, segundo a psicóloga, em geral, quando chama algum miudo para uma consulta, nenhum se mostra radiante, como aconteceu com o G.

Até agora, ainda não conseguimos saber ao certo o que se passa.

Inicialmente pensei que seria devido ao trabalho que estava a elaborar na disciplina de Área de Projecto, que ele não entendia e para o qual estava inserido num grupo em que o chefe é daqueles que sabe tudo, nunca concorda com nada que os outros fazem, e que, além de dar ordens, pouco mais faz. A psicóloga passou a fazer os trabalhos de casa desta disciplina com ele, para melhor se inteirar da situação e, embora tenha chegado à conclusão que de facto o chefe de grupo é um pouco arrogante, não lhe pareceu que este seja a origem de tanta frustração.

Além disso, o G. está a ficar mais agressivo, mais irritadiço e muito mais desobediente, o que mostra bem a revolta que existe nele, apesar que, desde que voltou para a psicóloga, a situação tem vindo a melhorar gradualmente.

Hoje, sentei-me com ele para estudar Inglês - vai ter teste na terça-feira -, e, na verdade, nem sei por onde começar...

Responde à questões colocadas ao calhas, não percebe rigorosamente nada, não tem qualquer vocabulário e não sabe prenunciar, confunde os pronome todos, os verbos, a ordem das palavras, etc.

Como não percebi mais cedo? Talvez porque até agora e desde o arranque tumultuoso inicial, além de serem exercícios básicos e simples, foi decorando e, agora que as coisas se complicam, não entende...

Não fui capaz de o ajudar, não sou professora, não sei como ensinar, e, quanto mais tentava mais ele ficava frustrado e acabou em pranto.

Não fui capaz de o massacrar.

Ele tem estudado tanto que me custa ver que não reteve nada e tenho receio que venha a desistir.

Desde o inicio que o Inglês tem sido uma tortura para ele, e, quanto mais o tempo passa, mais me parece que nada aprende na escola, e não fosse o esforço da professora do ATL e o meu em casa, acho que ainda seria pior.

 

Deixei de lhe dar medicação ao fim-de-semana, não seja mesmo esta a origem da perda de peso.

Não tem sido muito fácil, mas tenho tentado manter a calma e ser mais compreensiva. É impossível ter um pouco de silêncio e paz, mas nota-se que também ele está a esforçar-se para controlar-se, embora sem grande sucesso.

 

Na passada sexta-feira teve teste a matemática, estava tão animado pela manhã, tinha estudado muito, eu tinha feito alguns exercícios com ele, e eu própria estava convencida que iria correr muito bem. Chegou a casa tristíssimo, desanimado e cabisbaixo. Acha que correu muito mal, não soube responder a maioria das questões colocadas e isso porque saber fazer contas, decompor em números primos, etc., não chega: é preciso entender os enunciados e compreendê-los para saber responder. A compreensão da leitura continua a ser um problema difícil de ultrapassar.

 

Já não sei o que é pior, se o facto de ser hiperactivo ou ter dificuldades de aprendizagem, embora saiba que está tudo interligado.

Com a hiperactividade, embora tenha ainda muito a fazer, aprendi a lidar. Com as dificuldades de aprendizagem, a dislexia, o défice de compreensão e de atenção, não sei mesmo o que fazer. Não sei como ajudá-lo. Se hoje parece entender, amanhã já não faz a menor ideia do que se trata. Fica a olhar para nós, com ar incrédulo, sem perceber porque o questionamos, como se nunca na vida tivesse ouvido falar em tal coisa.

É tão meigo e carinhos, tão dedicado e estudioso e ao mesmo tempo, tão agressivo, desobediente e impulsivo, tão generoso e exigente, tão descontrolado e divertido...

Tantos adjectivos para um só menino.... quando o único que eu precisava era feliz.

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