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Da água para o vinho....

26.03.11, Abigai

 

 

Ainda na passada terça-feira, o G. estava completamente em baixo. Hoje já parece outro!

E a que deve esta mudança? Pois bem.... a uma miúda!

A semana passada recebi um telefonema da directora de turma do G. muito preocupada com a baixa de resultados nos últimos testes.

Nada que me surpreendesse, pois estava à espera que isto acontecesse. O primeiro período é mais fácil e sabia que quando as coisas começassem a complicar, as dificuldades tomariam as rédeas. E é isto mesmo que está a acontecer.

Só tem positivas a história e ciências da natureza onde apenas decorar matéria é sufuciente. Nas restantes disciplinas em que a compreensão e o raciocínio são fundamentais, os resultados são negativos.

Não desespero com isso, não estou propriamente satisfeita, como é óbvio mas sei que não é por falta de estudo, sei que não é por falta de esforço e dedicação. A matemática por exemplo, o G. impressiona-nos com a sua grande capacidade em elaborar cálculo por vezes complicados, mas quando chega aos testes, o caso complica-se pois antes de fazer qualquer cálculo, tem de perceber qual deles aplicar e, sem perceber o enunciado, é mesmo impossível.

Este é que é o grande problema: a compreensão. Tem também muita dificuldade em adquirir e assimilar vocabulário novo, o que tem afectado muito a disciplina de Português. Além disso, continua uma criança demasiadamente preocupada e angustiada, complicando ainda mais a situação.

Na passada terça-feira, passou o serão a chorar, sem saber explicar muito bem porquê e preocupado por achar que o pai não gostava dele! Cisma em coisas sem nexo, e com muita dificuldade o conseguimos convencer do contrário. Que achasse que a mãe não gostava dele, eu até compreendia - embora não aceitasse, pois é totalmente disparatado - mas o pai? Passam a vida na brincadeira, mais parecem duas crianças do que pai e filho, são iguaizinhos até nos disparates, nas asneiras e no feitio. São ambos impulsivos, fazem e depois pensam, quando ralho com um tenho mesmo é que ralhar com os dois, e mesmo assim, apesar de toda a atenção que o pai lhe dá, mesmo depois de passarem horas às lutas, nos jogos, na brincadeira, o G. achava mesmo que o pai não gostava dele!

E tirar-lhe isso da cabeça? E fazer com que compreendesse que não fazia sentido? Enfim... acabou por passar mas é realmente esgotante ver um filho, ainda tão novo, criar angústias e ficar deprimido desta forma, sem saber muito bem como ajudá-lo, como ajudá-lo a ver que estas cismas não fazem sentido, que está a sofrer sem qualquer necessidade.

Já na quarta-feira, o G. estava mais animado, menos em baixo e preocupado com a roupa que iria vestir no dia seguinte. Pela primeira vez, queria ser ele a escolher a roupa. Acabou por tirar quase todas as camisolas do roupeiro, experimentou todas, até escolher a certa, o mesmo com as calças e até com o casaco... Achei aquela cena toda muito estranha e suspeita e até lhe perguntei a quem queria agradar.... Ele ficou corado e não me deixou dizer nem mais uma palavra - e até tapou-me a boca para eu não me atrever a falar mais. Confesso que fiquei com a pulga atrás da orelha, mas achei imensa graça à situação.

No dia seguinte, confessou que tem uma namorada! A cena repetiu-se e agora tem um cuidado impressionante no que toca à roupa, ao cabelo, a até já quer levar o telemóvel para a escola!

Ontem, às 6h30 da manhã, já estava pronto para seguir para a escola, devia querer ser ele a abrir os portões! Levantou-se às 6h, lavou-se, vestiu-se, preparou os cereais para o pequeno almoço, pôs gel no cabelo (para ficar mais giro, para agradar à miúda!) e depois veio tirar-nos da cama, apressado para sair!

 

 

 

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