Balanço positivo...
Passou pouco mais de uma semana desde que iniciei a medicação para as dores diariamente.
Por muito renitente que esteja em tomar opiáceos de forma continua, tenho que confessar e admitir que de facto funciona.
Já perdi a conta aos anos de sofrimento e de angústia.
Há cerca de dez anos que não me sentia tão bem.
Não que não tenha dores nenhumas, seria mentira dizer que tudo ficou resolvido com um simples comprimido, mas pelo menos agora, passo grande parte do dia sem dores.
E não fosse o facto desta medicação provocar insónias, podia sem dúvida viver sem qualquer dor.
As noites continuam terríveis, dolorosas e sem possibilidade de descanso, mas poder andar sem dores durante o dia, sem sono devido à medicação, bem disposta, conduzir sem medo de adormecer ou falhar o pé no momento mais crucial, compensa qualquer receio em tomar o que na realidade não passa de uma droga!
Mas infelizmente, existe o verso da medalha.
Trata-se de um analgésico de acção central que alivia a dor actuando sobre células nervosas específicas da medula e do cérebro, não trata o que provoca a dor. Isto quer dizer que, não sentindo dor, tenho tendência em forçar mais os ossos e articulações, sem a consciência de o fazer provocando dor mais intensa quando o efeito do analgésico passa.
Não sei se isso terá consequências no futuro ou na evolução da doença, não sei se corro o risco de a rigidez que se espera que aconteça nas articulações e que levará a alguma limitação de movimentos acontecer mais rapidamente.
Resumindo, não sei o que me reserva o futuro, mas vivo apenas um dia de cada vez, e se os dias podem ser menos dolorosos, então vou aproveitar sem pensar no dia de amanhã.
Se pensar muito no que pode ou não acontecer no futuro, vou acabar por não aproveitar o que a vida me dá hoje.