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Uma pequena reflexão...

09.12.09, Abigai

Como já aqui referi, tenho um filho hiperactivo.

O G. foi sempre e desde o nascimento, uma criança difícil.

Ainda recém-nascido, pouco dormia. A pedido do seu pediatra comecei a cronometrar o seu tempo de descanso de forma a ter uma ideia concreta do seu tempo de vigia. A conclusão foi aterradora. Contrariamente à maioria dos recém-nascidos que dormem em média entre dezasseis a dezoito horas por dia, o G. dormia apenas sete horas. Tinha sonos entre trinta a sessenta minutos durante o dia e de noite conseguia manter-se a dormir cerca de duas a três horas seguidas, acordando várias vezes para mamar ou simplesmente para ter companhia.

Foram tempos difíceis e cansativos. Já naquela altura era muito agitado, ansioso por conhecer o mundo e cedo começou a andar e correr pela casa sempre a procura de algo a fazer ou destruir, sem parar, sem descanso e sem rumo.

Aos 18 meses teve Meningite por Hemófilus B (bacteriana). É uma forma extremamente grave de meningite que afecta crianças mas para a qual existe vacinação - dita 100% eficaz - e aplicada a partir do 2º mês de vida, num total de 4 doses.

O G. tinha sido vacinado, faltava-lhe apenas a última dose.

Foram 3 semanas de angústia, 3 semanas de apreensão, 3 semanas de suplício.

Recuperou totalmente, mas foi uma lição de vida: quaisquer que sejam os problemas ou dificuldades que possa ter que atravessar, quaisquer que sejam as batalhas a travar, para mim, o importante e mais fundamental é ter a felicidade de o ter por perto e de ter a oportunidade de travar essas lutas, lado-a-lado com ele.

Por mais comentários que possa ouvir a respeito do seu comportamento, por mais exasperada que possa estar, nada se compara à felicidade e alegria de ser mãe, de ter um filho nos braços, de o acompanhar, até nos momentos mais difíceis.

Pelas dificuldades de aprendizagem que apresenta até ao momento - mas que podem contudo, com o tempo serem ultrapassadas - não parece, à priori, que venha a ter um futuro brilhante como doutor ou engenheiro, mas será isso assim tão importante?

Hoje em dia, parece-me que esquecemos frequentemente que as crianças têm que ter uma infância, correr, saltar, brincar, fazer asneiras... Queremo-las crescidas e responsáveis muito cedo, talvez por falta de tempo para dar-lhes atenção, talvez por causa da vida que actualmente os pais levam, etc..., mas são apenas crianças, também o fomos e também demos muitas dores de cabeça aos nossos pais, fizemos asneiras, desobedecemos, mas aqui estamos nós, crescidos e responsáveis.

Por vezes considero que sou de certa forma permissiva, é verdade, mas quando a vontade é de dar um correctivo porque fez asneiras, porque se "portou mal", penso naquelas 3 semanas, há cerca de 7 anos atrás, e agradeço as asneiras..., só não perdoo a falta de educação, muito diferente da hiperactividade, pois pode perfeitamente ser incontrolável mas educado.

Conheço casais que exigem muito dos filhos, outros que permitem tudo.

Acho que se deve encontrar um ponto de equilibrio, "perdoar" as cabeçadas que também ensinam a crescer sem esquecer a educação, ensinar o respeito, a modéstia, o empenho, mas acima de tudo, devemos deixá-los ser crianças, crescerem e serem felizes.