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Aventuras com a PT

21.09.10, Abigai

Há já três semanas que ando às turras com a PT Comunicações.

Então passa-se o seguinte: consigo fazer chamadas do meu telefone fixo sem qualquer dificuldade mas não recebo chamadas.

Ao ligar para o meu número, atende outra pessoa, de outra casa, mas pelo menos, acertaram na freguesia que é a mesma!

Há três semanas que passo os dias a ligar para a assistência técnica, há três semana que ouço a mesma conversa e há três semanas que me dizem que o problema está resolvido!

Acontece que ontem a minha mãe - que vive comigo -, fazia 84 aninhos - linda idade, diga-se de passagem -, e vários familiares acabaram por ligar ou enviar SMS para o meu telemóvel, por não conseguir ligação.

Dizia-me a minha irmã: "atendeu-me uma senhora, mas não era a que queria!!!"

 

Pois bem, segunda a PT o meu telefone não tem qualquer reencaminhamento para outro número, nem qualquer problema. O certo é que ligo para casa e atende-me uma senhora muito simpática, com número diferente do meu - ao menos isso, pelo menos não atribuiram o mesmo número! -, que não tendo culpa de nada, farta-se de atender chamadas que não lhe são destinadas.

Qualquer dia mais vale dar-lhe uma central telefónica, pelo menos podia passar-nos as chamadas.

Falei com a senhora, forneceu-me o seu número de telefone, que também em casa dela não toca - deve ter o mesmo problema que eu -, e o nome.

Se eu consegui esta informação, como é possível a PT não saber?

Ou eu sou muito esperta ou realmente são muito passivos e pouco se interessam em resolver os problemas dos clientes.

 

Ontem, e numa derradeira tentativa de resolver a situação, dirigi-me pessoalmente à PT no Porto, solicitei uma assistência técnica urgente, e ainda pedi o Livro de Reclamações. E o sujeito que me atendeu ainda perguntou "mas quer mesmo o Livro de Reclamações?"

Pois, eu deve estar mesmo doida, para quê pedir o Livro de Reclamações, têm sido tão eficientes, tão prestáveis, até dão o caso como resolvido sem tão pouco contactar os interessados...

 

Agora vou ter que aguardar o prazo de 48 horas de que dispõem para a resolução da anomalia, e sinceramente, não vou esperar mais. Da próxima a queixa é directamente à ANACOM, se é que vai resolver alguma coisa.

Será que é assim tão complicado?

Estarei a pedir muito?

Só queria mesmo é poder receber as chamadas que me são destinadas sem prejudicar terceiros, será muito?

 

Continua no próximo episódio....

 

 

Da apresentação....

16.09.10, Abigai

Na passada quinta-feira decorreu a apresentação à nova escola do G.

Foi bom, quer para os pais quer para as crianças. Houve uma pequena sessão de esclarecimentos sobre o funcionamento da escola, primeiro com todos os alunos do 5º ano e pais, depois turma a turma com a professora directora de turma também com pais e alunos. A seguir, a professora fez uma visita guiada aos alunos que voltaram encantados com a nova escola e seu funcionamento.

No dia seguinte, houve mais uma apresentação, só com os alunos, onde mais uma vez foi-lhes dado a conhecer as regras de funcionamento e comportamento adequado, etc....

O G. ficou encantado, tudo levava a crer que iria correr bem.

Adorou sentir-se mais crescido, de cartão em punho e logo na sexta-feira estreou-o para comprar o lanche. Só para experimentar, porque isso de comprar lanches todos os dias não me parece boa ideia... além de não comprar o mais adequado, fica caro, e prefiro que leve de casa algo mais nutritivo e saber o que come.

Mas isso tudo e, apesar de ter corrido aparentemente muito bem, foi só apresentação... O pior estava ainda para vir!

 

Destes primeiros dias....

 

Segunda-feira, primeiro dia.

De manhã correu tudo muito bem, estava ansioso por voltar à escola. Além de gostar muito da escola, gosta dos amigos.

Não iria ter aulas de manha, apenas de tarde, e, como tal, levei-o para o ATL que, depois do almoço se encarregaria de o levar à escola.

Até aí tudo muito bem, tomou a medicação sem grandes problemas... alias penso que este problema está definitivamente resolvido, assim parece!

Depois de o deixar lá, fui para o emprego "descansada"? Nem por isso...

Pelo que vi no dia da apresentação, as regras de funcionamento, de bom comportamento, dos miúdos todos aparentemente mais maturos, as diferentes salas, a dimensão da escola, os curtos intervalos, o cartão de acesso e pagamento, etc... fiquei preocupada. Fiz os possíveis para não deixar transparecer a minha preocupação e esperei para ver o que dava.

Pois bem... quando cheguei a casa ao final do dia, o olhar do G. não me deixou dúvidas: algo tinha corrido mal!

Logo no primeiro dia, teve aula de educação física. O professor explicou as regras da disciplina - levar fato de treino ou calção num saco, sapatilhas para trocar lá, tomar banho no final da aula, ter um loquete para guardar o material nos cacifos, etc... - e entregou uma ficha para ser preenchida pelo alunos. Além do G. ter ficado preocupado com tantas e tantas regras, entrou em pânico com o preenchimento da ficha.

Tinha de preencher a morada, os contactos dos pais, etc - na verdade não vi a ficha pelo que não sei exactamente do que se tratava -, e, não soube responder a tudo nem percebeu bem o que lhe era solicitado.

Apesar de todos os nossos esforços ao longo destes anos, o G. ainda não consegue dizer com clareza o nome da rua onde vive, nem o nº da porta, e muito menos os contactos telefónicos dos pais.

Sendo ele também muito retraído e tímido, também não se sentiu capaz de falar com o professor e dizer que não sabia. Fez o que soube, deixou muitos espaços por preencher e quando chegou a casa nesse dia, estava tão angustiado que nem conseguiu jantar!

Pelo que percebi, os professores, de um modo geral, ainda não sabem, além da directora de turma, que o G. está sinalizado com dificuldades de aprendizagem. Sei que ainda há dias começou, que tenho que dar tempo também aos professores, mas na verdade, está a começar mal, sobretudo para o G. que se sente totalmente perdido.

No dia seguinte, teve apresentação de Inglês e foi de mal a pior. Nestes últimos 4 anos de primária, o G. não frequentou qualquer actividade extra-curricular - já tinha muito com que se preocupar, não precisava de mais -, e como tal, não teve Inglês.

Nunca imaginei que numa primeira aula, a professora fosse logo falar em Inglês com os alunos, mas foi assim que aconteceu. Além de falar em Inglês, incompreensível para o G. e outros colegas - uma minoria -, escreveu sumário e uma série de frases e palavras no quadro para os miúdos passarem para o caderno.

Mais uma vez, o G. não foi capaz de fazer perguntas e passou como entendeu, cheio de erros, confundindo letras e palavras. A maioria dos erros fui capaz de corrigir, alguns nem eu percebi!

E assim passou-se mais uma noite de choro, de desespero, de agonia...

 

O G. está a iniciar este 5º ano cheio de receios, com fraca auto-estima e dito por ele: "mãe... eu sei que não vou conseguir, sou burro!"

Tentei falar com a psicóloga educacional que o acompanhou no 4º ano e que, supostamente iria continuar este ano, com mais apoio ainda porque agora, o G. está na sede do agrupamento, onde a psicóloga está. Pois... tentei!

Fiquei a saber que a colocação da psicóloga é por concurso, que não está nos quadros e nesta fase, ainda aguardam os resultados do concurso para saber quem vem. Poderá ser a mesma psicóloga - disseram-me contar com isso -, mas pode ser outra qualquer.

 

A agora já somos dois... eu também sinto-me completamente perdida!

Sei muito bem que é cedo para tirar conclusões, mas é ou não é de ficar preocupada com estes primeiros dias?

 

E ainda nem começou....

07.09.10, Abigai

Apesar do regresso às aulas ser apenas na próxima Segunda-feira, Quinta-feira terá lugar a apresentação na nova escola, novo ano e nova aventura escolar do G.

O G. parece preparado para esta nova etapa, está menos ansioso do que eu, muito bem disposto e acima de tudo muito falador e empenhado.

Este fim-de-semana dedicou-se a fazer cópias de um livro do filme Star Wars que devora logo ao pequeno almoço, diz ele que "é para treinar escrever... para estar pronto para a escola"! Mas claro, é sol de pouca dura e passado 5 minutos já nem sabemos onde anda!

 

Passou as férias sem medicação, está com as pilhas a 100, bem recarregadas e pronto para enfrentar tudo o que lhe aparecer pela frente.

Agora e desde que foi ao cinema com o pai ver o Panda Kung Fu, só pensa nisso e quer mesmo que encontre uma escola de Kung Fu, e "se não encontrares pode ser mesmo de karaté, mãe...".

Este - longo para nós, mas não para ele - periodo sem medicação passou-se bem... dependendo do ponto de vista, é claro.

Não posso dizer que fez asneiras, não. De facto, asneiras é coisa que pouco faz. Só não sabe parar! Levanta-se de madrugada, canta, grita, nunca obedece à primeira, anda sempre atrás de alguém ou alguma coisa, vai para um lado, vai para outro, chama, canta e volta a cantar, fala alto e nos momentos mais inconvenientes, não deixa falar, interrompe a torto e a direito, come... isso sim, come muito, está sempre esfomeado e mais do que tudo: fala, fala muito, e nem a dormir se cala.

Em suma, não se portou mal, simplesmente ficamos todos cansados implorando algum silêncio, alguma calmaria.

Lamentavelmente, não faltaram discussões, gritos e alguns castigos, quando se fala muito e não se ouve, quando não se obedece nem à terceira, quando não se sabe parar, é sempre complicado e, por mais que compreenda que não tem culpa, é minha obrigação incutir regras e bons comportamentos.

Além disso, houve algumas brigas, "grandes dramas" e sentimentos de rejeição com os primos franceses que passaram connosco as férias, mas nada que não se resolvesse. Acima de tudo dificuldades de comunicação devido ao entrave da língua, mas na verdade - e isso ainda não entendi muito bem como -, apesar de falarem linguagens diferentes, lá se foram entendendo e na hora da partida e pela primeira vez, vi o G. a chorar de saudades dos primos.

Mas agora, as férias terminaram.

 

Na tentativa de repor as regras e os hábitos dos dias de aulas, resolvi levá-lo já esta semana para o ATL, retomando assim a medicação.

Logo pela manhã, e como sempre falador, o tema principal era a medicação, deixando antever o regresso aos dramas matinais.

Primeiro o pequeno almoço que demorou uma eternidade - uma forma de atrasar a toma da medicação -, depois as conversas intermináveis - e eu sempre a ver quando é que se decidia a tomar a cápsula -, sempre com mais e mais a dizer, a fazer.... e o tempo a passar, até que não tive outra alternativa senão intervir com firmeza e autoridade para que tomasse o medicamento.

Assim fez e sem grande dificuldade. O problema é mesmo psicológico, tem sempre medo de não conseguir engolir e fica tão ansioso que até tem vómitos só de olhar para a cápsula!

Feito isto, saímos em direcção ao ATL e foi então que pelo caminho, vem a insegurança, o medo de falhar e de não ser aceite.

"Ao mãe... já não vou ao ATL há muito tempo, tenho vergonha...?"

"Ao mãe... e se os meus colegas já não gostarem de mim....?"

"Ao mãe... e se eu não conseguir passar de ano....?"

"Ao mãe..."

"Ao mãe..."

"Ao mãe..."

E por aí fora o caminho todo...

 

Lá fui respondendo do melhor que soube, tentando sempre reforçar a sua auto-estima, lembrando que o ano escolar ainda nem tinha começado, que os colegas da turma eram os mesmos, que todos gostavam muito dele, que a psicóloga educacional que o acompanha desde o ano passado vai estar lá, que desde que se esforçasse como sempre fez tudo iria correr bem, etc...

Ficou mais calmo e animado mas já sei que se avizinham tempos difíceis de muita insegurança e ansiedade.

Mas cada coisa a seu tempo...

Ainda nem começou...!