Na passada quinta-feira decorreu a apresentação à nova escola do G.
Foi bom, quer para os pais quer para as crianças. Houve uma pequena sessão de esclarecimentos sobre o funcionamento da escola, primeiro com todos os alunos do 5º ano e pais, depois turma a turma com a professora directora de turma também com pais e alunos. A seguir, a professora fez uma visita guiada aos alunos que voltaram encantados com a nova escola e seu funcionamento.
No dia seguinte, houve mais uma apresentação, só com os alunos, onde mais uma vez foi-lhes dado a conhecer as regras de funcionamento e comportamento adequado, etc....
O G. ficou encantado, tudo levava a crer que iria correr bem.
Adorou sentir-se mais crescido, de cartão em punho e logo na sexta-feira estreou-o para comprar o lanche. Só para experimentar, porque isso de comprar lanches todos os dias não me parece boa ideia... além de não comprar o mais adequado, fica caro, e prefiro que leve de casa algo mais nutritivo e saber o que come.
Mas isso tudo e, apesar de ter corrido aparentemente muito bem, foi só apresentação... O pior estava ainda para vir!
Destes primeiros dias....
Segunda-feira, primeiro dia.
De manhã correu tudo muito bem, estava ansioso por voltar à escola. Além de gostar muito da escola, gosta dos amigos.
Não iria ter aulas de manha, apenas de tarde, e, como tal, levei-o para o ATL que, depois do almoço se encarregaria de o levar à escola.
Até aí tudo muito bem, tomou a medicação sem grandes problemas... alias penso que este problema está definitivamente resolvido, assim parece!
Depois de o deixar lá, fui para o emprego "descansada"? Nem por isso...
Pelo que vi no dia da apresentação, as regras de funcionamento, de bom comportamento, dos miúdos todos aparentemente mais maturos, as diferentes salas, a dimensão da escola, os curtos intervalos, o cartão de acesso e pagamento, etc... fiquei preocupada. Fiz os possíveis para não deixar transparecer a minha preocupação e esperei para ver o que dava.
Pois bem... quando cheguei a casa ao final do dia, o olhar do G. não me deixou dúvidas: algo tinha corrido mal!
Logo no primeiro dia, teve aula de educação física. O professor explicou as regras da disciplina - levar fato de treino ou calção num saco, sapatilhas para trocar lá, tomar banho no final da aula, ter um loquete para guardar o material nos cacifos, etc... - e entregou uma ficha para ser preenchida pelo alunos. Além do G. ter ficado preocupado com tantas e tantas regras, entrou em pânico com o preenchimento da ficha.
Tinha de preencher a morada, os contactos dos pais, etc - na verdade não vi a ficha pelo que não sei exactamente do que se tratava -, e, não soube responder a tudo nem percebeu bem o que lhe era solicitado.
Apesar de todos os nossos esforços ao longo destes anos, o G. ainda não consegue dizer com clareza o nome da rua onde vive, nem o nº da porta, e muito menos os contactos telefónicos dos pais.
Sendo ele também muito retraído e tímido, também não se sentiu capaz de falar com o professor e dizer que não sabia. Fez o que soube, deixou muitos espaços por preencher e quando chegou a casa nesse dia, estava tão angustiado que nem conseguiu jantar!
Pelo que percebi, os professores, de um modo geral, ainda não sabem, além da directora de turma, que o G. está sinalizado com dificuldades de aprendizagem. Sei que ainda há dias começou, que tenho que dar tempo também aos professores, mas na verdade, está a começar mal, sobretudo para o G. que se sente totalmente perdido.
No dia seguinte, teve apresentação de Inglês e foi de mal a pior. Nestes últimos 4 anos de primária, o G. não frequentou qualquer actividade extra-curricular - já tinha muito com que se preocupar, não precisava de mais -, e como tal, não teve Inglês.
Nunca imaginei que numa primeira aula, a professora fosse logo falar em Inglês com os alunos, mas foi assim que aconteceu. Além de falar em Inglês, incompreensível para o G. e outros colegas - uma minoria -, escreveu sumário e uma série de frases e palavras no quadro para os miúdos passarem para o caderno.
Mais uma vez, o G. não foi capaz de fazer perguntas e passou como entendeu, cheio de erros, confundindo letras e palavras. A maioria dos erros fui capaz de corrigir, alguns nem eu percebi!
E assim passou-se mais uma noite de choro, de desespero, de agonia...
O G. está a iniciar este 5º ano cheio de receios, com fraca auto-estima e dito por ele: "mãe... eu sei que não vou conseguir, sou burro!"
Tentei falar com a psicóloga educacional que o acompanhou no 4º ano e que, supostamente iria continuar este ano, com mais apoio ainda porque agora, o G. está na sede do agrupamento, onde a psicóloga está. Pois... tentei!
Fiquei a saber que a colocação da psicóloga é por concurso, que não está nos quadros e nesta fase, ainda aguardam os resultados do concurso para saber quem vem. Poderá ser a mesma psicóloga - disseram-me contar com isso -, mas pode ser outra qualquer.
A agora já somos dois... eu também sinto-me completamente perdida!
Sei muito bem que é cedo para tirar conclusões, mas é ou não é de ficar preocupada com estes primeiros dias?