Momento de descontração e... de frustração!
O G. de cada vez mais se parece com uma criança de 10 anos...
Fico com um sorriso nos lábios, parada, a olhar para ele, a observá-lo brincar.
Brincar! Há bem pouco tempo atrás, o G. não brincava, não sabia brincar. Sabia andar atrás de mim, sempre a falar, a gritar, sabia jogar PlayStation, sabia fazer as mais disparatadas asneiras, sabia queixar-se, sabia exigir companhia, mas não sabia brincar.
Hoje, vejo-o no quarto, a atacar castelos com os seus cavaleiros, a combater os "maus", orgulhoso e a chamar-me para ver como sabe fazer... "vês mamã a minha brincadeira"!
Sábado, quando cheguei a casa após o trabalho, estava na sala, a criar vulcões, castelos, ruas e montanhas com plasticina.
Usou uma plasticina comprada há uns 3 anos a pedido da professora, mas que nunca tinha sido usada, e que, apesar de ainda lacrada, já estava um pouco seca.
E então lembrei-me que tinha ainda umas embalagens de barro muito bem guardadas.
Há uns anos atrás fazia esculturas com barro mas a vida vai passando, o tempo vai escasseando e deixamos de lado aqueles passatempos que tanto gostamos...
Assim, no domingo, preparei a mesa com barro, água, alguns panos velhos e, armados de aventais e muita paciências, eu e o G. lançamos mãos à obra na criação de "obras de arte".
Foi divertido e uma novidade para o G. Simplesmente adorou. Diferente da plasticina, deu asas à imaginação, adorou poder sujar-se à vontade, besuntando as mãos até fartar, sem ter a mãe à perna a ralhar! O sonho de qualquer crianças, ainda mais se for hiperactiva!
Fez umas lindas peças um tanto ao quanto estranhas. Na verdade, confesso ter ficado sem perceber muito bem o que representavam, mas o essencial estava lá e atingimos de facto o objectivo principal: o G. estava radiante, feliz e muito divertido. Foi um momento de qualidade passado a dois.
Infelizmente foi também um momento de grande frustração para mim e mais um em que tive que encarar a dura realidade.
Além de já não ter "mão" para a escultura devido aos anos passado sem praticar, percebi da pior maneira que as minhas mãos já não servem de instrumento! As dores ao tentar moldar o barro eram execráveis e hoje, para escrever tenho que fazer um esforço enorme.
Está visto que melhoras não haverá e que vou ter mesmo que me convencer que já não posso continuar a fazer as mesmas coisas como se nada tivesse.
Imagem da internet