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Vazio

27.02.12, Abigai

 

Abandonado a uma sorte esquecida,

Ignorado,

Só no meio de uma multidão desenfreada,

Intensa,

Pequeno perante a imensidão de um mar revoltado,

Numa viagem sem volta,

Desprovido de qualquer talento diante de uma plateia repleta,

Numa manhã vazia,

Perdido,

Insignificante,

Minúsculo,

Distante,

Um vazio cortante...

Um poço sem fundo...

 

Sem definição...

17.02.12, Abigai

 

Uma vida atribulada, em constante alterações...
Uma vida indefinida...
Um dia-a-dia autómato...
Um dia-a-dia de sobrevivência...

 

Procuro o caminho, procuro aliviar os pensamentos...
Pensamentos obscuros, pensamentos constantes, cansativos...
Pensamentos ambíguos...
Procuro...

 

Noites longas e sem verdadeiro descanso...
Noites irritantes e frias...
Sonhos martirizante... ou serão antes pesadelos?
Um levantar penoso, um esforço sem reacção...

 

Hoje, ontem, há dias... estou assim,
Nem sei que digo, nem sei que escrevo..
Preciso reagir, mas ainda não encontrei a receita!
Preciso, não sei bem de quê...

 

O amor nunca acaba...

15.02.12, Abigai

Há momentos na vida em que tudo parece fugir-nos...
A vontade de lutar, a vontade de viver, parecem esfumarem-se com um simples sopro.
Contigo aprendi que nada é assim tão simples, que lutar vale sempre à pena, que a vida é preciosa, é uma dádiva que não se deve desperdiçar. Viver é muito mais do que estar presente, viver é muito para além do que estar à vista...
Deixaste a tua marca, deixaste o teu exemplo, deixaste o teu amor, o teu carinho, e mais do que tudo, deixaste a tua presença em tudo o que tocaste, em mim, no meu pensamento e em tudo o que hoje sou.
Sei que vou deixar de te ver, que não estarás mais ao meu lado, que não me receberás mais quando chegar a casa, mas também sei que estarás sempre como sempre estiveste, ao meu lado.
Não te verei mas estarás cá, sentir-te-ei junto de mim, como hoje já sinto, sentir-te-ei no meu ser, no meu coração...
Dar-te-ei motivos de orgulho, ver-me-ás seguir em frente, viver, lutar como me ensinaste. Sei que ainda não estou no caminho certo, ainda é muito difícil, mas também sei que conseguirei, que seguirei o teu exemplo...
Pensarei em ti como sempre, falarei contigo como sempre, e quem sabe, talvez ainda arranje alguns motivos para ralhar contigo, como por por vezes acontecia...
O amor nunca acaba....

Reencontrar-me

13.02.12, Abigai

Há quase quatro anos deixei a minha casa, os meus pertences, as minha rotinas...
Há quase quatro anos deixei tudo sem olhar para trás...
Há quase quatro anos deixei a minha vida em suspenso para acompanhar-te, acarinhar-te e fazer-te alguma companhia.

 

Agora sinto-me perdida.
Agora já não tenho casa, já não tenho nada, e já não te tenho...
Vejo-te em cada canto, em cada esquina...
O silêncio que encontro ao chegar ensurdece-me, falta-me a televisão ligada, o barulho do exaustor...

 

Há quase quatro anos que a minha vida girava em torno das tuas necessidades, de ti...
Há quase quatro anos que deixei de pensar em mim, na minha vida...
Há quase quatro anos que deixei de fazer planos...

 

Agora preciso de reencontrar-me.
Preciso de encontrar o meu espaço, refazer as minha rotinas, retomar as rédeas...
Por isso preciso de refazer tudo, desfazer-me dos teus móveis, das tuas coisas...
Perdoa-me... não te quero apagar da minha memória, não me custa ver-te em tudo o que está ainda em casa, no lugar onde deixaste...
Não é por me doer ver tudo como sempre esteve... É para me reencontrar, para criar o meu espaço, sentir-me na minha casa...
Porque sempre que abro a porta e entro, continuo a entrar na tua casa, à espera de te ver...
Mas não estás lá... não estarás mais.

 

Sei que entendes...
Sei que estás comigo...
E sei que preciso de fazer algo por mim...

 

 

Sem mais palavras....

12.02.12, Abigai

 

Existem palavras de amor, de ternura, de carinho...

Existem palavras bonitas, simples e expressivas...

 

Existem milhares de palavras.

 

  Mas não existem palavras para descrever tudo o que nos deixaste, o amor que nos deste, a educação...

  Não existem palavras para expressar o exemplo de vida que foste para nós.

 

  Para ti e por ti, sem mais palavras....

 

 

Carlos Almeida – Entrevista a propósito de “Os Senhores da Vida e da Morte”

02.02.12, Abigai

Carlos Almeida, autor de “Os Senhores da Vida e da Morte”, (...), deu uma entrevista ao Porta-Livros onde falou precisamente do seu livro, um romance muito intenso e doloroso onde a morte é a protagonista, exaltando, por consequência, o valor da vida. (...)

 

"O tema vida é dos que gosto muito de debater. Não do ponto de vista esotérico, ou pela discussão sócio-religiosa, mas sim pela simplicidade da sua riqueza, afinal a vida é a maior das riquezas que temos e tantas vezes a tratamos mal. Mas a vida sem a morte não pode existir, são duas verdades que vivem ligadas, entrelaçadas na nossa existência. Algo que sempre me fez uma real confusão, foi verificar que as pessoas teimam em dar o real valor à vida quando estão perante a morte. Desperdiçam a vida em coisas fúteis, vazias, sem vida, e depois, quando estão perante a morte, lembram-se que estão vivos. Mas no meio disto, vão desenvolvendo um enorme medo da morte, o que as faz estarem cada vez mais distantes da vida. (...) a morte é um complemento à vida e temos de aceitar isso, com o medo natural de se gostar tanto de viver que não se quer morrer cedo. Só assim teremos a capacidade de olhar a vida com o agrado que ela merece. Mas estamos sempre a tempo de aceitar a morte. E aqui entra outro ponto que me levou a escrever este livro, onde está afinal a vida, mesmo depois da morte? Ao longo da História da Humanidade, o Homem foi dando demasiada importância ao corpo, por isso se venera tanto um corpo na morte, e por isso existe a necessidade de existirem locais de “culto” como os cemitérios (para mim apenas locais para perpetuar a dor da perda). Mas seremos nós apenas corpos? Penso que somos muito mais do que isso. Somos uma essência, que vive para lá do corpo. Costumo dizer que existe uma diferença entre morrer e falecer. Morrer é estarmos sós por completo na essência dos sentimentos, mesmo que ainda exista um corpo vivo, mas falecer é estarmos bem vivos na essência dos sentimentos, mas infelizmente o corpo já não existe. E isto está retratado no belíssimo poema do Henry Scott Holland (...). Temos de aprender a encontrar as pessoas, depois da partida do corpo, na essência dos sentimentos, ou seja, eu hoje encontro aqueles que já não têm o seu corpo vivo perto do meu, nas mais variadas formas, no vento, no sol pela manhã, numa música que escutamos, num local onde estivemos, numa simples conversa que tivemos… e isso é a vida. E eles continuam todos vivos, tomaram foi outra forma, outro “corpo”. Uma confissão, eu praticamente evito ir a funerais… porque é que temos de fazer o dito luto numa celebração de enterro completo de alguém que amámos e ainda amamos? Temos é de guardar a sua existência viva e repleta de essência desse mesmo amor."
(...)

 

Publicada in blog "Porta-Livros" de Rui Azeredo.

in Carlos Almeida