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Desanimada e desesperada...

07.02.13, Abigai

 

Há cerca de um ano deixei de escrever por estar a lamentar-me constantemente e sentir-me depressiva e um fardo para quem ainda me lia.
Há alguns meses atrás tentei um regresso tímido mas naquela altura decidido. Sentia saudades da escrita lida e comentada, do desabafo. Não passaram de boas intenções, o regresso foi de tal maneira tímido que nem chegou verdadeiramente a acontecer.
Na verdade, haveria muito para dizer, para contar, para desabafar e também para opinar. Houvesse ânimo e menos desalento, houvesse vontade e garra, houvesse alegria e força para continuar... e não faltariam post's para publicar!
Não fosse o caso de ser uma optimista nata - pode não parecer, mas garanto que sou! -, estaria provavelmente neste momento com uma camisa de forças internada algures num qualquer hospital psiquiátrico...
Ando desanimada, muito desanimada.
Desanimada com o trabalho e com o intenso aroma a desemprego e precariedade. O trabalho que adoro e que me tem segurado firme ajudando a manter a minha sanidade mental. O trabalho que me dava alento para enfrentar todas as adversidades está agora a escapar-me por entre os dedos e sinto-me perdida. O trabalho, a única coisa em que me sentia competente. Estou aos poucos a perder a minha referência, o meu porto seguro.
Desanimada com as dificuldades financeiras que daí advêm e que aumentam as minhas preocupações. Contas astronómicas em medicamentos - ainda ontem foram 96 euros -, em consultas e terapias para o G., e o esforço para manter um nível de vida razoável, aceitável. Um esforço incessante e constante. Uma preocupação que consegue sem que me aperceba totalmente, ocupar grande parte do meu dia.
Desanimada acima de tudo com estas dores que não me dão descanso, com o declínio que ultimamente me assola. Nunca imaginei sentir-me tão "velha" aos 40 anos. Este último mês tem sido desgastante, dores de manhã à noite, noites agoniantes, um sufoco assustador apesar da medicação que há tempos classifiquei de milagrosa.
Todos os gestos e movimentos são um súplica, uma tortura. Pensar que esta tornou-se na minha vida é insuportável, pensar que a cada dia que passa me sinto mais limitada nas minhas tarefas diárias, é insuportável.
É uma autêntica bola de neve...
As complicações laborais e as dificuldades financeiras levaram a alguns cortes e porque existem despesas que não podemos evitar, e porque temos prioridades e o G. e o seu bem-estar são uma delas, entre outros, um dos corte foi nas ajudas domésticas, o que levou-me a ter que executar mais tarefas, mais esforço que por sua vez, levou a um declínio físico mais acentuado. Um declínio que não imaginava ser possível em tão curto espaço de tempo.
E como o dinheiro faz falta e não podemos desistir de tudo, comecei a aceitar mais projectos que faço à noite em casa, prolongando assim mais ainda o tempo laboral, as longas horas de trabalho, sabotando assim também o tempo de descanso e a qualidade de vida em família.
E por muito que tente abstrair-me do meu lamentável estado, as dores estão cá para me relembrar...
O cansaço é extremo e não falo apenas de cansaço físico nem das horas que fico a dever à cama, falo de um cansaço psicológico extremo, de uma falta de ânimo que parece perseguir-me em todos os movimentos do dia-a-dia, em todas as resoluções que tomo à noite planeando o dia seguintes mas que raramente consigo alcançar.
Vale o G. e o tempo que ele preenche, em que me obriga a focalizar-me nele, nas suas necessidades e dificuldades, no seu empenho que acorda em mim uma pitada de orgulho no caminho que seguimos e nas decisões e acompanhamentos acertados que tomamos.

E mais não digo...