Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Um sucesso...

31.10.23, Abigai

005 Um sucesso.PNG

Domingo passado estivemos numa prova oficial do campeonato nacional.

Tivemos cerca de vinte atletas formados por nós, alguns pela primeira vez em prova.

As provas podem ser um pouco por todo o país, mas das 10 provas previstas no campeonato, apenas temos que fazer um mínimo de 4 para ser elegível para a final, embora, por vezes, para aumentar as probabilidades de ser selecionado seja necessário fazer mais do que o mínimo exigido.

Esta era a cerca de 300km de distância, o que obriga a sair de madrugada, com crianças pequenas, para poder estar a horas e participar da prova. Houvesse mais facilidades financeiras e iríamos de véspera para não ter que acordar às 3 ou 4h da manhã.

Como clube relativamente recente, mas em contacto com a modalidade há mais de 10 anos, quisemos ser diferentes e entendemos que se os atletas levam a nossa camisola, se nos representam, então, também nos cabe a nós patrocinar as suas idas a provas.

Afinal de contas, são eles que nos dão prestígio!

Mas pagar provas a mais de 20 atletas, deslocar-nos a cerca de 300km, fica dispendioso. Pela primeira vez desde que estamos inscritos na Federação e a competir, tivemos que pedir a participação dos atletas e pais de atletas nas deslocações, não tivemos meios financeiros para arcar totalmente com a despesa. Verdade seja dita, também é a primeira vez que temos tantos atletas merecedores de estar em competição, mas se se esforçaram para crescer, se treinaram para isso, não podemos de modo algum não os levar.

Foi um verdadeiro sucesso.

Trouxemos 13 medalhas e 4 troféus por equipa.

Fomos o clube com maior destaque, com maior número de atletas em prova e com a maior taxa de sucesso.

Estamos felizes e orgulhosos do nosso trabalho. Tem sido difícil, a ginástica financeira é muita, uma família de 3 pessoas viver com um rendimento que não chega a 1000 euros contando com o meu trabalho paralelo (os projectos), não é fácil, é uma evidência, mas chegar ao final do dia e ver nos olhos dos atletas toda aquela felicidade, sobretudo dos mais novos, com apenas 9 anos, subir ao pódio, receber medalha e troféu, acaba por valer todos os sacrifícios.

Obviamente, se tivéssemos mais apoio, um patrocinador que olhasse para a modalidade como uma modalidade que dá muito mais do que pede, uma modalidade que traz concentração e auto-estima, que ajuda os mais pequenos no seu crescimento, seria obviamente muito mais fácil.

Tenho enviado e-mails para todo o tipo de empresas, locais, nacionais e até multinacionais, mas quando recebemos resposta, esta é sistematicamente negativa com desculpas do género que apenas apoiam causas sociais e de proximidade… e depois vemos as mesmas empresas a patrocinar equipas locais de futebol que nada ganham, ou até mesmo passatempos na rádio ou outros…

Nós ganhamos.

Nós trazemos sucesso para o município.

Formamos Campeões Nacionais! Nacionais! Não locais ou distritais…

E independentemente de todas as dificuldades, iremos continuar!

 

Um bom anti-stress

28.10.23, Abigai

004 Um bom anti-stress.PNG

Porque é um desporto que convida a concentrar-se no objectivo (atingir o alvo), o tiro com arco desenvolve qualidades como a confiança em si e o controlo das emoções. É preciso saber como criar uma espécie de bolha para não se distrair com o vento, a distância ou o ruído dos outros arqueiros, como acontece também noutras disciplinas como a meditação por exemplo. Na linha de tiro o arqueiro está perante si-próprio e o arco. Permanecer calmo e preciso, é uma capacidade que se vai afinando através da gestão da respiração e da concentração. Tudo isso ajuda o arqueiro a livrar-se do stress, quer durante o treino, quer no seu dia-a-dia.

O tiro com arco em exterior combina disciplina e marcha permitindo assim evoluir e arejar tanto o corpo como a cabeça.

E foi com o Tiro com Arco que o meu G. aprendeu a concentrar-se e a controlar a sua hiperactividade. Passados 2 anos de prática deixou a medicação, ingressou num curso profissional que concluiu nos 3 anos necessários com aproveitamento e uma boa média.

Hoje, quando vemos os nossos miúdos hiperactivos ou com outro tipo de dificuldade, evoluir pela positiva, quando ouvimos dos pais que receberam elogios da escola e professores, sentimos que estamos no caminho certo.

É como retribuir ao universo aquilo que nos deu. Nada nos dá mais alegria e felicidade…

Um desporto adaptado a todos

27.10.23, Abigai

003 Um desporto adaptado a todos.PNG

Tal como caminhar, o tiro com arco pode ser praticado sem qualquer critério de idade, sexo ou morfologia. Não é raro ver arqueiros iniciarem-se em campeonatos após os 40 anos, aliás foi o caso do meu marido.

O tiro com arco exige um esforço físico repetido (caminhar, puxar o arco, etc.), no entanto, este é adaptado ao tamanho e à potência do arco em função do arqueiro, do seu nível de prática, e da sua corpulência.

A força do arco desenvolve a coordenação dos movimentos e estimula todos os músculos do corpo (aumento do tronco, abdómen, pernas, costas…).

É um desporto de equilíbrio, de repetição e de precisão, já que só assim permite um bom domínio do arco.

Por fim, o tiro com arco adapta-se a todos os perfis. Pode ser praticado por pessoas com diversas patologias (problemas visuais, auditivos, obesidade, deficiência física ou mental…), e pode ainda ser muito benéfico na recuperação do cancro da mama.

Por todos estes motivos, o tiro com arco é uma modalidade excecional, ao alcance de todos, embora ainda muito pouco conhecido e divulgado.

E por ser pouco conhecido e divulgado, carece também de apoios e patrocínio, dificultando muito a vida de quem quer apostar na modalidade, investindo no ensino a tempo inteiro.

Abrimos a nossa academia há pouco mais de 3 anos, conseguindo apenas neste último algum rendimento, apenas para o treinador… e é por isso que em vez de uma vida mais pacata, encontrei muito mais trabalho do que tinha e sem remuneração!

No início… era apenas um sonho!

26.10.23, Abigai

002 No início... apenas um sonho.PNG

Quando trocamos a cidade pelo campo foi para ter uma vida menos stressada mais calma, em suma, mais saudável.

Com as várias doenças autoimunes que tenho, ter uma vida calma era fundamental.

E assim foi nos primeiros meses.

Continuei a trabalhar nos meus projectos, em casa, tratava da horta sempre que o corpo o permitia, fazia caminhadas terapêuticas com as minhas cadelas e ainda sobrava algum tempo para a casa e a família.

O meu G. tirou um ano sabático após terminar o curso profissional e aproveitou para passar a carta de condução.

Como a vila onde estávamos não tinha nenhum clube de Tiro com Arco, modalidade que o G. praticava desde os 12 anos, compramos um bastidor e foi treinando em casa. Contudo, sem clube não poderia competir.

O meu marido estava a concluir o estágio de treinador de tiro com arco, curso que tinha iniciado antes da mudança, uma vez que os planos sempre foram vir a abrir um clube.

O G. tinha sido anos consecutivos Campeão Nacional de Tiro com Arco, e foi o tiro com arco que lhe deu a confiança que precisava para deixar a medicação, foi o tiro com arco que lhe deu concentração, e foi graças também ao tiro com arco que se tornou o homem que é.

Mas apenas três pessoas não fazem um clube ou uma associação… E não tínhamos muitos conhecimentos…

Os meses foram passando e já pouco acreditávamos que iniciar um clube seria possível.

Um desabafo há muito reprimido!

25.10.23, Abigai

001 Um desabafo há muito reprimido.PNG

Há já alguns anos que não passava por aqui…

Deixei de escrever há muito, num tempo em que apenas me lamentava, num estado depressivo que até me irritava.

E então deixei de escrever.

Hoje, passado estes anos, muita coisa mudou na minha vida.

Deixei a cidade e mudei-me para o campo à procura de uma vida menos agitada, mais calma, mais saudável…

Encontrei mais trabalho do que nunca, mas também mais qualidade de vida, mais alegria, mais vida em família… Em suma, mais felicidade!

No Alto Minho, junto a Espanha, juntamo-nos a uma associação local e abrimos um clube desportivo de Tiro com Arco, em família, comigo a gerir, o marido como treinador e o filho como staff e atleta.

Em 3 anos tornamo-nos um clube de referência no panorama nacional, com vários Campeões Nacionais, e ainda organizamos vários torneios, o último dos quais ibérico e reconhecidos pelos maiores campeões espanhóis.

E contudo…

Só não vivemos na miséria porque não temos custos de habitação, temos umas galinhas que nos proporcionam ovos, e bons vizinhos e amigos que partilham colheitas…

E porquê?

Não é um clube de futebol…

Não há apoios, não há patrocínios…

Nada!