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O suicídio

18.10.10, Abigai

Ouço os teus pensamentos tenebrosos, que te inquietam o coração, marcados por um sofrimento atroz de uma saudade infindável.

As tuas mãos quentes e macias tais pétalas de rosas aveludadas, acariciam-me docemente como uma brisa em fim de tarde.

Olho para ti.

O medo apoderou-se da tua alma com a força de um furacão, deixando as tuas mãos tremulas cobrirem-te o rosto.

E eu, corro por entre os dedos numa corrida desenfreada pela face de um vale embranquecido, e parto do teu azul celeste sem olhar para trás.

O som de um trovão vindo do céu e o clarão de um raio fulminante ecoam no vale, iluminando o teu corpo. À nossa volta, numa viajem alucinante, o céu e a terra, salpicados por um vermelho intenso, rodopiam freneticamente, parecendo não ter fim.

Já na tua mão, deslizo suavemente por entre os dedos, e, olhando-te nos olhos, vejo-te partir.

O teu olhar, agora despojado do brilho azul celeste, fecha-se lentamente como uma flor ao entardecer.

O sol  cobre-se de negro e, desaparecendo no horizonte, deixa um silêncio profundo de morte e uma tristeza penetrante.

Sou o teu grito de dor devastado pela fatalidade, a tua ultima lágrima.

 

Publicado com autorização do autor: Miguel Alves

 

 

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