O suicídio
Ouço os teus pensamentos tenebrosos, que te inquietam o coração, marcados por um sofrimento atroz de uma saudade infindável.
As tuas mãos quentes e macias tais pétalas de rosas aveludadas, acariciam-me docemente como uma brisa em fim de tarde.
Olho para ti.
O medo apoderou-se da tua alma com a força de um furacão, deixando as tuas mãos tremulas cobrirem-te o rosto.
E eu, corro por entre os dedos numa corrida desenfreada pela face de um vale embranquecido, e parto do teu azul celeste sem olhar para trás.
O som de um trovão vindo do céu e o clarão de um raio fulminante ecoam no vale, iluminando o teu corpo. À nossa volta, numa viajem alucinante, o céu e a terra, salpicados por um vermelho intenso, rodopiam freneticamente, parecendo não ter fim.
Já na tua mão, deslizo suavemente por entre os dedos, e, olhando-te nos olhos, vejo-te partir.
O teu olhar, agora despojado do brilho azul celeste, fecha-se lentamente como uma flor ao entardecer.
O sol cobre-se de negro e, desaparecendo no horizonte, deixa um silêncio profundo de morte e uma tristeza penetrante.
Sou o teu grito de dor devastado pela fatalidade, a tua ultima lágrima.
Publicado com autorização do autor: Miguel Alves